O amor a Cristo facilita o caminho do dever e dá asas aos pés para a peregrinação. O amor é o arco que impulsiona a flecha da obediência, é a mola que move as rodas do dever, é o braço forte que estimula a nossa diligência. O amor é a medula dos ossos da fidelidade, o sangue nas veias da piedade, o tendão da força espiritual, sim, é a vida da devoção sincera. Aquele que tem amor não consegue ficar mais imóvel do que o ramo tremendo em meio ao vendaval, a folha seca no furacão ou a gota de água na tempestade. Os corações podem deixar de bater tanto quanto o amor de trabalhar. O amor tende à atividade, ele não pode ser ocioso; está cheio de energia, não pode se contentar com a pequenez; ele é a fonte do heroísmo e os grandes feitos são o jorrar da sua fonte; ele é um gigante que empilha montanhas sobre montanhas, e considera que o resultado é pequeno; o amor é um poderoso mistério, ele muda o amargo em doce; ele chama a morte de vida e a vida de morte, e torna a dor menos dolorosa do que o prazer. O amor tem um olho que enxerga bem, mas só consegue ver uma coisa: ele é cego para todos os interesses, exceto para os do seu Senhor; ele vê coisas à luz de Sua glória e pesa as ações na balança de Sua honra; ele considera a realeza como apenas escravidão, se não pode reinar para Cristo; mas se deleita em servir como sendo uma honra, se assim puder promover o reino do Mestre; seu fim adoça todos os seus meios; seu objeto alivia o seu labor e remove o seu cansaço. O amor, com influência revigorante, cinge os lombos do peregrino, de modo que ele se esquece da fadiga: provê uma sombra para o peregrino e coloca uma garrafa de água em seus lábios, de modo que ele não sente o calor ardente. Não é assim conosco? E, sob a influência do amor, não somos preparados pelo sagrado auxílio do Espírito para fazer ou sofrer tudo o que o pensamento possa sugerir, como sendo susceptível de promover a honra de Cristo?
[…] Que o Pai das luzes dê a sua Igreja mais amor à sua Cabeça, pois assim ela será zelosa, valente e perseverante, e assim o seu Senhor será glorificado.
Extraído do livro O Santo e Seu Salvador de Charles Haddon Spurgeon