E, quando Ele me mandou
olhar os lírios do campo
e as aves do céu,
Julguei a sua ordem mesquinha.
Que poderia haver
entre mim e a avezinha
para tomá-la como exemplo?
E, cheia de soberba,
construí um templo
que lhe ofendia.
Busquei a glória que não vinha dEle,
até descobrir
ser íngreme descida
o que julgava ascenção.
Senti-me perdida
e, só então, lembrei sua ordem.
Voltei-me para as aves do céu,
tão livres,
donas da amplidão.
E eu?
Presa ao tempo, ao espaço
e ás lembranças tristes,
nada era,
nada tinha
a não ser a graça de clamar:
-Piedade, Senhor, piedade
porque sou muito menos
que uma avezinha…
Extraído do livro Poemas para meu Senhor de Myrtes Mathias.